Agora quero escrever, agora
Para os que temem
Para as que sentem medo das ruas vazias
Pelos trôpegos da esquina
Por quem não está mais aqui
Agora, eu vou escrever
Pra que você sinta-se forte
Por tudo que vivemos e sentimos
Pela indecisão que machuca
Neste instante eu vou falar
Proclamo a todo e qualquer humano
Pergunto a toda e qualquer menina
Percorro cada lágrima caída
Exatamente nesse minuto, direi
Pra ti colombina sem nome
Palhaço sem maquiagem
Paquita preta sem palco
Partes de um todo doutrinado
Sem perda de tempo eu grito
Pastor de ovelhas desgarradas
Professora que lê poesia nas tardes
Promotor de vidas que são aprisionadas
Patife colecionador de almas
Sim, vou deduzir das horas o minuto profícuo
Perturbador de madrugadas do interior
Prefeito de cidadela que geme baixinho
Piranha que extorque o magnata
Posto de gasolina de beira de estrada
Coloco num segundo os olhos na parede
Perfuro minha carne com agulhas de costura
Preconizo a vida das mães sem filhos
Protejo os niños de cadela gorda
Priorizo as manhãs gélidas e agasalho o dia
Vou falar agora
Puta que pariu!
Por que?
Por onde...
Porra
Preciso ir.
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