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terça-feira, 15 de março de 2016

Oração de um março tenebroso como outro já passado.

Em letras garrafais

NÃO!

Eu não vou cair em tentação.

PAI

Livrai-me da ignorância.

MÃE

Faça-me um servo da bondade.

DEUS

Proteja-me da maldade que escorre.

DEUSA

Me acalanta em teu colo divinal

JUSTIÇA

Ponha no lugar dos grilhões asas

MORTE

Levai-me ao topo do entendimento.

MEDO

Me conduza ao front e traga-me ileso.

terça-feira, 8 de março de 2016

estando surdo

um braço forte e poucas idéias
uma mente catastrófica
a vontade acima da media
uma vida que não valha
e uma realidade que nunca (h)ouve

o terceiro acorde

visualizei os acordes que o bruxo tocava
não pude deixar de anotar os signos
deixei escapar pouquíssima coisa

enquadrei cada semente numa caixa
cataloguei os espinhos enquanto os retirava
                                                           da epiderme
já cansado, quase não notei o ir e vir de rinocerontes


cavei uma toca e passei a noite no deserto
verifiquei que os demônios que vivem nele
são rudimentares, pobres pássaros sombrios...

livrei-me do sangue do açoite e segui viagem
nunca saberei onde é o norte... barco louco
fugaz como o nevoeiro, saio sem deixar cair

colaboro com o destruição que insistente, reparo




telegrama distante

aquele poema não foi escrito
aquela fabula morreu no bolso do carteiro

as palavras mentem ao traduzirem-se

e os mortos nunca saberão pronunciá-las 

Uma daquelas vidas (Poucas palavras)

querer estar em qualquer lugar
companhia de beira de pista
cachorra de peitos grandes

das ofensas gratuitas da vida
ser aquela mais infantil
idolatria de fúnebres imagens

começar uma catástrofe solar
soletrar o alfabeto do inferno
classificar bruxas e tolher suas asas

criança louca de meio dia
mulher que nasce todos os dias
não seria esse vento uma permissão?

saltam-lhe os botões de rosa
dos umbigos das tardes
criminalizam o odor das auroras

sal das águas, fileira cósmica do medo

Ps.: acrescentar pequenas doses de perversidade