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terça-feira, 4 de outubro de 2016

Godot não virá hoje

                                              Para Larissa Rodrigues e Poema R. S. Fialho


Aqui, somos casulo do mundo que urge
Protegidos pela ventania impiedosa, falamos baixo
Enquanto ela dorme no chão escorando a porta
Tramo mil planos e os cofres explodem por ai

Facilitamos a vida dos carneiros,
entregando-os mais cedo a raposa
Calculo cada gota do sangue que esvai
e anoto no caderninho macabro
Amanheço e anoteço nuvem
Centímetro cúbico de mares ermos

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Esqueçamos de nunca esquecer esse dia

Quando cantei a profecia
fui chamado remador
jogava a água do barco pra dentro
o mar inteiro pra fora
nunca temerei o leme da história

Categorias analíricas  de catarse
somos uma abundância de tudo que falta
Cultura de monoblocos, faísca de ilusão
caímos em tentação, o muro caiu

As máscaras não...

Não fuja mulher

Não figurei.


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

injeção de sol (livro aberto)

Do meu quarto, entranhas, escrevo
Noutro,invalida causa, ilusão
Amanhã agosto, espada, cai atoa
Por ti, mariposas velhas, comida esperam
Água de fonte, arreganha a solidão, catraca

Vai pastorear, estrelas infinitas, cocada de luz
Abobrinha verde, amarelado capim, coice da tarde
Ah! Palavrainhas, tiros, cruzadas valsas

Mais couve flor, demora não, mesmíssima
Pouca calda, veludo marrom, esquecimento
Vai dizer na vida, volúpia, bolinha de sabão, paquetá

terça-feira, 19 de julho de 2016

Professor
Poeta
Pai
Problema
Profeta
Proibido
Profano
Proparoxítono
Palhaço
Pornografo
Paredão
Parceiro
Porra...

Hoje faz frio, e eu sou um pouco de tudo que há no mundo.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Árida dúvida

A vontade que da no coração é desistir...
Mudar-se para as montanhas, morrer de gripe.

O desejo é de fuga, desespero visto "ao vivo"...
Eles venceram? Suplicamos por uma resposta.

Digamos que sim, e agora José?

Acredito na morte do canalha, na vida dos guerreiam.
Vômito de homem embriagado pelo néctar do poder.

E aquela velha Leitoa que já chorou em pocilgas de outrora...
E agora despeja a lama vil e pegajosa nos pequenos filhos.

Quero que toda tempestade, toda ira transformadora caia sobre nós...
Quem sabe assim, um dia, voltaremos a nascer como flores no deserto.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Correndo da chuva

Agora não tem mais volta
Precisamos daquele super homem
que uma velha canção suplicava

Agora os tempos são outros
Sendo o mesmo
Acabou a falsa paz

Que sem voz, é desespero
O medo morreu com Amarildo
A vida se arrasta pelo solo árido

Já não sabemos se dormimos demais
Ou sonhamos de menos
Nesse exato momento, um deles explodiu

Choro no canto do mundo e ninguém me consola
Bebo as lágrimas dos que tem esperança
E isso me alimenta, tenho fome de justiça

Só peço ao universo, um ultimo
Um verbete qualquer, que explique
E não me arranque as entranhas

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Notas 1

No bloco de notas.

Sim, eu estou de saco cheio.

Todos os viventes estão...

Os jovens, Os velhos, Professores, Estudantes...

O mundo precisa de uma hecatombe.

terça-feira, 15 de março de 2016

Oração de um março tenebroso como outro já passado.

Em letras garrafais

NÃO!

Eu não vou cair em tentação.

PAI

Livrai-me da ignorância.

MÃE

Faça-me um servo da bondade.

DEUS

Proteja-me da maldade que escorre.

DEUSA

Me acalanta em teu colo divinal

JUSTIÇA

Ponha no lugar dos grilhões asas

MORTE

Levai-me ao topo do entendimento.

MEDO

Me conduza ao front e traga-me ileso.

terça-feira, 8 de março de 2016

estando surdo

um braço forte e poucas idéias
uma mente catastrófica
a vontade acima da media
uma vida que não valha
e uma realidade que nunca (h)ouve

o terceiro acorde

visualizei os acordes que o bruxo tocava
não pude deixar de anotar os signos
deixei escapar pouquíssima coisa

enquadrei cada semente numa caixa
cataloguei os espinhos enquanto os retirava
                                                           da epiderme
já cansado, quase não notei o ir e vir de rinocerontes


cavei uma toca e passei a noite no deserto
verifiquei que os demônios que vivem nele
são rudimentares, pobres pássaros sombrios...

livrei-me do sangue do açoite e segui viagem
nunca saberei onde é o norte... barco louco
fugaz como o nevoeiro, saio sem deixar cair

colaboro com o destruição que insistente, reparo




telegrama distante

aquele poema não foi escrito
aquela fabula morreu no bolso do carteiro

as palavras mentem ao traduzirem-se

e os mortos nunca saberão pronunciá-las 

Uma daquelas vidas (Poucas palavras)

querer estar em qualquer lugar
companhia de beira de pista
cachorra de peitos grandes

das ofensas gratuitas da vida
ser aquela mais infantil
idolatria de fúnebres imagens

começar uma catástrofe solar
soletrar o alfabeto do inferno
classificar bruxas e tolher suas asas

criança louca de meio dia
mulher que nasce todos os dias
não seria esse vento uma permissão?

saltam-lhe os botões de rosa
dos umbigos das tardes
criminalizam o odor das auroras

sal das águas, fileira cósmica do medo

Ps.: acrescentar pequenas doses de perversidade